Bancos seguem batendo recordes de lucros e trabalhadores, diretamente responsáveis por pelos resultados, querem o reconhecimento com aumento na remuneração.
A categoria bancária volta a se mobilizar nessa segunda-feira, 19 de agosto, para pressionar os bancos para que entreguem uma proposta completa de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que corresponda às reivindicações dos trabalhadores.
As manifestações, marcadas para a véspera da próxima mesa de negociação, que irá começar no dia 20 de agosto, acontecerão, principalmente, nos locais de trabalho. No dia das negociações, a categoria fará uma nova ação, dessa vez voltada às redes sociais.
Na última quarta-feira, 15 de agosto, a categoria realizou um dia nacional de luta, em todo o país, com o retardamento da abertura em algumas agências.
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“Em 2023, os bancos lucraram R$ 145 bilhões no Brasil. Nós estamos falando de lucro, já descontado impostos, provisões, gastos com funcionários e equipamentos. No primeiro semestre deste ano, quatro dos cinco maiores bancos do país, que já apresentaram seus resultados (Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco) lucraram juntos R$ 53,6 bilhões. Ainda assim, não apresentaram propostas de reajuste salarial, faltando duas semanas para o fim da campanha nacional de renovação da CCT”, explica a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
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As principais reivindicações para remuneração da categoria para este ano são:
– Reajuste salarial que corresponda à reposição pelo INPC acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024, acrescido do aumento real de 5%.
– Melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
O Dieese alerta que os percentuais de distribuição da PLR dos bancos caíram ao longo dos últimos anos, mesmo após reajustes, introdução da parcela adicional e mudanças de parâmetros dos cálculos de distribuição. Além disso, a distribuição da participação nos lucros não vem acompanhando o crescimento dos lucros no setor, ficando, na maioria dos bancos, abaixo do teto de 15% previsto na CCT.
– E melhorias nas demais verbas, incluindo tickets alimentação e refeição, auxílio creche e auxílio babá.
A campanha
As negociações entre o movimento sindical bancário e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para a renovação da CCT começaram em 18 de junho e precisam terminar antes da data base da categoria, que é em 1º de setembro.
Ao longo dos encontros, os bancos indicaram dificuldades em atender as principais reivindicações, argumentando a concorrência no setor.
“Nós rebatemos, ao lembrar que os bancos estão longe de perigo e detém, no país, 82% do mercado de crédito e 81% dos ativos do mercado financeiro. Ainda que, no Brasil, a rentabilidade média dos bancos seja de 15%, enquanto nos Estados Unidos é 6,5%, e em países da Europa, como Espanha e Inglaterra, 10% e 9%, respectivamente. Portanto, não há argumentos para não dar aumento real à categoria”, destaca Juvandia.
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Os trabalhadores reivindicam ainda:
– Fim da gestão por metas abusivas que tem gerado adoecimento na categoria;
– Reforço aos mecanismos de combate ao assédio moral e sexual;
– Direito à desconexão;
– Direito às pessoas com deficiência (PCDs) e neurodivergentes;
– Suporte aos pais e mães de filhos com deficiência;
– Mais mulheres na TI;
– Combate à terceirização e garantia de empregos;
– Jornada de trabalho de quatro dias;
– Ampliação do teletrabalho.
“Exigimos que, na próxima mesa, que irá começar no dia 20 de agosto, os bancos tragam respostas que reflitam o esforço da categoria no dia a dia. O lucro não pode estar acima da vida. Os trabalhadores devem ser valorizados”, destaca a coordenadora do comando nacional.
Juvandia reforça que a mobiliação dos trabalhadores bancários é importante para todas as demais categorias. “A organização e mobilização dos bancários conquistou, ao longo dos anos, os direitos que temos hoje. Não podemos pensar que a PLR, os vales alimentação e refeição, assim como a mesa de igualdade de oportunidade, onde conseguimos avanços, como a criação de canais de combate ao assédio, são bondade dos banqueiros. Pelo contrário, é fruto da luta dos trabalhadores que se tornou referência para que outras categorias no país alcancem direitos”, concluiu.
Fonte: Contraf-CUT