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OPINIÃO | Campanhas e os instrumentos de luta da classe trabalhadora. Por Clemente Ganz Lúcio

Este semestre, os trabalhadores brasileiros vivenciarão novamente três dimensões essenciais da luta que travam há dois séculos mundo afora: primeiro, a busca por melhores salários e condições de trabalho, objetivos reunidos nas pautas tratadas nas negociações coletivas das campanhas locais, setoriais e nacionais; segundo, garantir e promover, através da legislação e das políticas públicas, os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais para todos, o que requer eleger governantes e legisladores que defendam os interesses dos trabalhadores; terceiro, proteger e garantir a democracia, suas instituições e regras, condição para a liberdade de expressão, de organização e de escolha.

Muitas categorias estão conduzindo, neste semestre, suas campanhas, para as quais definem as pautas com reivindicações e propostas, organizam mobilizações, negociam muito, e, às vezes, fazem greves, resultando na construção de acordos ou convenções coletivas de trabalho.

Em breve, teremos eleições municipais para eleger vereadores e prefeitos. A campanha eleitoral em curso contará com a contribuição dos trabalhadores, de suas organizações e dos partidos, oportunidade na qual também lideranças sindicais apresentarão suas plataformas e buscarão se eleger para o Poder Executivo ou Legislativo Municipal. Eleger bons representantes oriundos do mundo do trabalho para o Poder Executivo e Legislativo Municipal é tarefa essencial.

Esses são dois ricos processos essenciais para a vida democrática do nosso país. Por isso mesmo, têm sido duramente atacados por aqueles que buscam fragilizar nosso Estado Democrático de Direito.

O processo histórico em curso continua engendrando os meandros da longa trajetória de luta da classe trabalhadora, que vem desde o século XIX, na esteira da industrialização e da urbanização. Foi a partir das lutas, e para promovê-las, que a classe trabalhadora criou os sindicatos e suas estruturas verticais (Federações, Confederações, Centrais).

Também foi na luta por direitos e pela participação na vida coletiva, pública e política, na busca por direitos iguais, pela liberdade, pelo direito de representação e de exercer o governo do Estado, que a classe trabalhadora criou partidos políticos nos quais lutou para instaurar as democracias modernas.

Nessa longa trajetória de quase dois séculos de lutas, promover e preservar a democracia tem sido uma prioridade para a classe trabalhadora. A luta pelo voto livre, universal e secreto também está na origem das lutas sindicais. Nos séculos XVIII e XIX, partidos e o voto já existiam. Porém, “todos podiam votar” desde que fossem homens, brancos, com uma renda alta e possuíssem muito patrimônio. Partidos, somente aqueles que representavam a classe dominante.

A democracia não é uma dádiva e muito menos está assegurada de forma perene. Sabemos disso pelo que vivemos recentemente em nosso país. Os trabalhadores foram decisivos para a conformação da democracia moderna e foram protagonistas ao criarem os partidos que representavam seus interesses, como os partidos socialdemocratas, trabalhistas, socialistas e comunistas.

O desafio para a esquerda ou para o campo democrático-popular tem sido promover a democracia e as transformações estruturais em uma sociedade desigual do ponto de vista econômico, social e político. As inúmeras respostas, suas contradições e visões marcam disputas intensas e rupturas históricas no seio da classe trabalhadora.

Lutar por melhores salários, por condições dignas de trabalho, pela redução da jornada de trabalho, pela proibição do trabalho infantil e do trabalho escravizado, pela proteção em termos de saúde e segurança, contra todas as formas de assédio, pela proteção previdenciária, pelo transporte coletivo, pelo direito à moradia e ao saneamento, entre outros, são pautas dos sindicatos, dos movimentos populares e dos partidos que continuam a mobilizar as várias esferas da luta social e política em busca de uma sociedade igualitária e democrática.

Clemente Ganz Lúcio é sociólogo, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, membro do Conselho Deliberativo da Oxfam Brasil, consultor e ex-diretor técnico do DIEESE (2004/2020).

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região

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