Skip to content Skip to sidebar Skip to footer

Resultado de pesquisa com foco na categoria bancária fomenta debate sobre relação entre pandemia de Covid-19 e Saúde do Trabalhador

Dossiê e evento divulgados pela Fundacentro discutem de que maneira o trabalho foi fonte de exposição e disseminação do coronavírus, indicadores para políticas públicas e perspectivas pós-pandemia. Pesquisdora Maria Maeno apresentou dados sobre a categoria bancária

Em setembro, o Brasil ultrapassou o número de 685 mil mortos devido à Covid-19. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 14,9 milhões de pessoas morreram de causas associadas direta ou indiretamente à pandemia entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. No começo dessa história, não era possível prever as perdas que viriam, mas já se percebia a gravidade da contaminação que se iniciou em um mercado chinês e atingiu trabalhadores.  Assim, em abril de 2020, a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) abriu chamada de artigos para o dossiê “A pandemia da Covid-19 e a Saúde do Trabalhador”, que recebeu 207 submissões e publicou 21 textos, até maio de 2022. 

“A RBSO entendeu a importância do momento e lançou chamada para refletir de que maneira o trabalho pode ser uma fonte de exposição e disseminação do coronavírus, quais são os indicadores para políticas públicas e quais as perspectivas após a pandemia”, explica o pesquisador da Fundacentro e médico pneumologista, Eduardo Algranti. Ele coordenou o evento de encerramento do dossiê, realizado de forma on-line, em 1° de setembro. O vídeo está disponível no canal da Fundacentro no YouTube e traz reflexões sobre aspectos da pandemia de Covid-19, vivenciados pelo Brasil, e a relação com o mundo do trabalho. Para tanto, são apresentados alguns resultados de pesquisas.  

O debate contou com a presença do pesquisador da Fiocruz, Carlos Machado de Freitas, que falou sobre “A Pandemia de Covid-19 no Brasil – diferentes cenários e múltiplos desafios”. A pesquisadora Maria Helena Machado, da mesma instituição, apresentou as “Condições de Trabalho e Saúde do Trabalhador em tempos de pandemia”, a partir de pesquisas por ela coordenada. Por fim, a pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, refletiu sobre o tema “Trabalhadores e exposição ao SARS-CoV-2: negociações de categorias organizadas”, apresentando os resultados da pesquisa que fez com a categoria bancária.

Categorias organizadas: o caso dos bancários

A médica Maria Maeno apresentou um levantamento de informações sobre de que forma bancários e petroleiros trabalharam durante a pandemia e negociaram com empregadores, além dos resultados da pesquisa “Covid-19 como doença relacionada ao trabalho”, desenvolvida por pesquisadores de diversas instituições, que ouviu essas duas categorias entre outubro de 2020 e março de 2021.  

De 1.388 bancários, mais de 50% referiram má ventilação e contato próximo a outras pessoas; 74,2% trabalharam com pessoas infectadas por Covid e 45% responderam que todas as pessoas infectadas foram afastadas, mas, quase 51% disseram que nem todas haviam sido afastadas. Já em relação aos 125 petroleiros que participaram da pesquisa, 91,2% responderam que trabalharam com pessoas infectadas e 43,9% responderam que todos os infectados haviam sido afastados do trabalho, mas 54,3% responderam que nem todos foram afastados. 

Segundo o levantamento da pesquisadora, um Acordo Nacional foi assinado entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) em abril de 2020. Nele se estabeleceu: redução do horário de atendimento ao público pelos bancos; agendamento do atendimento; distanciamento físico nas filas; rodízio entre trabalho presencial e domiciliar; e compromissos com dois bancos para não ocorrer demissões. Mais de 55% dos funcionários foram para trabalho remoto.  

Na prática, conforme os relatos coletados, o acordo não foi cumprido, ocorreram demissões, e o distanciamento físico, em um trabalho dinâmico, nem sempre pôde ser mantido. “O grande volume de trabalho induzia os bancários a minimizarem os sintomas nos casos leves. Também para os gestores, o diagnóstico de Covid e o afastamento significavam menos gente para trabalhar e atingir as metas. Dessa forma, a tendência foi a de se priorizar o alcance das metas”, afirma Maeno. 

Os dirigentes sindicais fizeram um processo de fiscalização para verificar o cumprimento do acordo. Em seus relatos, afirmam que o movimento sindical parava as agências nas quais havia surtos e que em vários municípios obtiveram resposta positiva e ativa da Vigilância Sanitária do SUS (Sistema Único de Saúde), que interferia nos locais de trabalho.  “Os bancários conseguiram fazer acordo de testagem custeada pelos bancos, dos sintomáticos e dos contatantes, assim como a implementação da telemedicina, que também foi uma medida considerada importante para os bancários”, completa a pesquisadora. 

Acesse aqui para conferir o vídeo do evento e outras informações sobre o dossiê.

 

Fonte: Fundacentro

Deixe um comentário

Sign Up to Our Newsletter

Be the first to know the latest updates

[yikes-mailchimp form="1"]