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Santander, igualdade de gênero não pode ficar só no marketing

Por ocasião do Dia das Mães, o Santander está divulgando na TV e nas redes sociais uma publicidade com um dado da PNAD Contínua apontando que as mulheres têm renda mensal 21% menor do que os homens. Por esta razão, o banco informa que irá conceder às clientes desconto na mesma porcentagem em produtos bancários como seguro de vida, parcelamento de fatura e anuidade de cartões. No vídeo não fica claro o período do desconto.

Lucimara Malaquias, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE/Santander) considera a iniciativa importante, já que muitas mulheres são chefes de família e quase 80% estavam endividadas em fevereiro de 2023, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A dirigente acrescenta, porém, que a medida deveria ser estendida para produtos mais críticos e sensíveis para esta parcela da sociedade, como juros do cartão de credito, que é justamente onde ocorre o maior endividamento das mulheres; e para a aquisição da casa própria, já que 48% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, de acordo com o IBGE.

Lucimara Malaquias afirma que o Santander deve agir para além da publicidade no mês das mães. “Está mais do que na hora de o banco retomar seriamente, por exemplo, o debate sobre a licença menstrual, que foi pauta de reivindicação na Campanha Nacional dos Bancários 2022 [campanha salarial]. Mas na ocasião, o banco alegou que ‘ainda não há ambiente interno para conduzir esta questão, porque não há maturidade suficiente das bancárias brasileiras para implementar a medida’. Sendo que na Espanha, país de origem do conglomerado, esta medida já é lei e é cumprida pela mesma instituição financeira”, afirma a dirigente.

Discriminação de gênero na hierarquia do Santander

Outro ponto que chama a atenção na peça publicitária que está sendo divulgada é o seu final, no qual o Santander afirma que há mais de 10 anos não há mais diferença salarial entre homens e mulheres dentro do banco. Esta informação, contudo, deve ser analisada à luz dos fatos e de dados oficiais, como por exemplo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, que aponta uma diferença salarial de gênero de 22,2% na categoria bancária.

Esta diferença diminuiu ao longo dos últimos anos e pode não ser observada quando homens e mulheres exercem a mesma função, mas fica escancarada quando se observa a ascensão na carreira. Segundo o último Relatório de Sustentabilidade emitido em 2022 pelo Santander, em 2021 as bancárias ocupavam 61% dos cargos na área operacional e os homens 39%. Com relação aos cargos de diretoria, apenas 25% eram ocupados por mulheres e 75% por homens.

“Este é o grande problema no Santander e no sistema financeiro de um modo geral. O movimento sindical quer debater seriamente estes dados para além da publicidade, e quer entender quais medidas o banco está tomando para garantir mais acesso às mulheres na pirâmide hierárquica a fim de garantir igualdade de oportunidades para que as mulheres ascendam na carreira na mesma proporção do que os homens”, afirma Lucimara Malaquias. A dirigente ressalta que inclusive a presidente mundial do Santander, Ana Botín, ressaltou a importância da valorização das mulheres no banco, em visita ao Brasil, em abril.

“Estamos em um tempo histórico quando não é mais aceitável que as mulheres permaneçam em sua maioria em cargos de baixa complexidade e recebam, portanto, salários menores. Mais do que palavras e ações de marketing, queremos atitudes concretas para a construção de um mercado de trabalho justo e equilibrado”, avalia a dirigente. O movimento sindical mantém com o Santander uma mesa de negociação para discutir igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. A próxima reunião está prevista para ocorrer em 22 de maio.

Fonte: SP Bancários

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