Tema está previsto na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, mas alguns bancos sequer pautaram o tema, em outros, não houve avanço nas negociações.
O Comando Nacional dos Bancários e as Comissões de Organização dos Empregados (COEs) se reuniram nesta quarta-feira, 27 de setembro, para organizar as ações e dar andamento às resoluções aprovadas na 25ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro. “Aprovamos uma série de ações para implementar e avançar nas negociações específicas sobre cobrança de metas e combate ao adoecimento da categoria e também para construção e divulgação de campanhas para o fortalecimento das negociações coletivas e sobre a importância do sindicato para a sociedade”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.
Menos metas, Mais saúde
Entre as principais ações a serem realizadas estão as manifestações para cobrar que os bancos negociem efetivamente as formas de estabelecimento de metas e de cobrança pelo seu cumprimento. “A cláusula 87 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, negociada na Campanha Nacional 2022, determina que o tema das metas e as formas de seu acompanhamento pelos bancos deveria ter sido incluído na pauta da primeira reunião de negociações de 2023 com as COEs”, ressaltou Juvandia. “Alguns bancos sequer pautaram o tema. Outros, se negam a negociar. Por isso, vamos orientar que sejam intensificadas as manifestações contra estes bancos, para que eles cumpram o que determina nossa convenção”, completou.
Segundo dados da Consulta Nacional às bancárias e bancários de todo o país, realizada em julho de 2023, para 68% da categoria, a cobrança abusiva de metas causa preocupação constante com o trabalho; para 61% causa cansaço e fadiga constante; para 52% leva à desmotivação e vontade de não ir para o trabalho. A Contraf-CUT, Federações e Sindicatos que fazem parte do Comando Nacional dos Bancários realizam, desde abril, uma campanha para denunciar os problemas causados à saúde dos bancários pela cobrança abusiva de metas e, em outubro, realizará uma nova Pesquisa de Saúde do Trabalhador Bancário, em parceria com o Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília, para compreender os modelos de gestão e as patologias do trabalho nos bancos.
“Com os dados da pesquisa, vamos produzir um relatório para propor ações de combate aos fatores e riscos psicossociais e ao adoecimento da categoria, mas sobretudo, para denunciar as patologias da sobrecarga e da violência causadas pelos modelos de gestão praticados pelos bancos”, explicou a professora doutora Ana Magnólia Mendes, pesquisadora responsável pelo levantamento que será realizado. “Esta é a sequência da série de discussões sobre o tema. A iniciativa da pesquisa é importante, mas será ainda mais quando tivermos os resultados para analisar e propor soluções para a categoria”, disse presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Em breve serão divulgados o link e o prazo para participação na pesquisa.
Reforma sindical
O Comando Nacional também definiu que a Contraf-CUT, Sindicatos e Federações devem realizar debates internos para formação dos dirigentes sindicais e reforçar as ações e produção de textos, vídeos e outros materiais, além de intensificar as atividades nas redes sociais mostrando a importância dos Sindicatos para a defesa dos direitos dos trabalhadores e da democracia. Juvandia disse que organizações empresariais querem enfraquecer os sindicatos de trabalhadores e estão utilizando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a constitucionalidade da contribuição assistencial de trabalhadores não sindicalizados, para pautar matérias na grande imprensa contrárias à cobrança.
“Além disso, deputados e senadores ligados ao empresariado já propuseram diversos projetos contra a reforma sindical. Precisamos ir para o debate e deixar claro que defendemos a contribuição negocial que já está em nossa CCT. E que, inclusive, em todas as consultas que fizemos à categoria, os trabalhadores se mostraram favoráveis que todos paguem a contribuição para custear a organização e a luta sindical”, reforçou Neiva.
Reforma Tributária
Outra pauta prioritária definida pela categoria é a reforma tributária. A presidenta da Contraf-CUT informou que o tema está sendo tratado constantemente no site e redes sociais da entidade. Textos, vídeos, cards e um boletim (Infopress) sobre o tema já foram distribuídos para as entidades. Disse também que está em finalização uma cartilha sobre a reforma tributária e que o Coletivo de Comunicação deve definir uma data para um tuitaço, com o objetivo de colocar o tema em destaque nas redes sociais.
Comitês de luta
O Comando Nacional dos Bancários também pediu empenho no fortalecimento dos comitês de luta dos trabalhadores do ramo financeiro, que devem contribuir, inclusive, com o debate sobre os temas acima. As ações para dar andamento nas resoluções sobre a organização dos trabalhadores do ramo financeiro e sobre a democratização das plataformas digitais ficaram para ser debatidas na próxima reunião do Comando.
Fonte: Contraf-CUT