No último sábado, dia 22 de julho, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região promoveu um debate como parte do calendário de eventos do Julho das Pretas da Rede de Mulheres Negras do Paraná (@redemulheresnegraspr).
Com o tema “Os impactos do racismo e a importância da política de cotas para negros e negras”, participaram do evento: a representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil, Kelly Quirino (@kellyquirino), a vereadora de Curitiba Giorgia Prates (@giorgiaprates.mandata), a coordenadora Executiva Adjunta da Rede Mulheres Negras do Paraná, Juliana Mittelbach (@julianamittelbach) e a presidente da Bomoko – Associação dos Africanos em Curitiba, Gloire Nkialulendo (@glorygnm). O debate foi mediado pela Secretária geral do Sindicato, Cristiane Zacarias.
Relatos marcantes, racismo e a importância da discussão
Durante as falas, as participantes trouxeram relatos de vida pessoal e profissional, exemplificando como o racismo afeta a vida das mulheres pretas e de toda a sociedade. Gloire Nkialulendo, que é congolesa e está no Brasil desde 2017, contou histórias emocionantes e revoltantes que passa no Brasil, como imigrante e mulher negra. “Vivenciei situações no Brasil em que fui seguida por seguranças dentro do supermercado ou questionada sobre a minha formação, porque as pessoas não acreditam no desenvolvimento das mulheres pretas”. Gloire ainda explicou o funcionamento e a importância das atividades desenvolvidas pela Associação dos Africanos em Curitiba.
Juliana Mittelbach, que é coordenadora da Rede de Mulheres Negras do Paraná, explicou ao público sobre o Julho das Pretas e sobre a homenageada deste ano, Iyagunã Dalzira, que foi referência pela luta democrática no tempo da Ditadura Militar. “Escolhemos homenagear a Dalzira porque o tema que estamos discutindo neste ano é a democracia e a posição de vulnerabilidade da população negra, principalmente no último governo”. Juliana ainda contou a história de outras mulheres pretas referências para a história do Brasil, como Zeferina, Akotirene, Zacimba Gaba e Anastácia.
Segundo o IBGE, 63% das casas comandadas por mulheres negras no Brasil vivem com apenas R$ 420 reais por mês, o que coloca essas famílias abaixo da linha da pobreza. A representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil, Kelly Quirino, falou sobre a importância do 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data para denunciar o racismo e propor políticas públicas para mudar essa realidade. “Ainda que eu seja mestra, ainda que eu seja doutora, ainda que eu fale inglês, ainda que eu seja funcionária do Banco do Brasil e conselheira, o racismo acontece comigo todos os dias porque eu sou um corpo preto”.
A vereadora de Curitiba, Giorgia Prates, falou sobre a importância da política de cotas para estudantes negros ingressarem e permanecerem no ensino superior e exemplificou com histórias pessoais da época em que estudava na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela também contou sobre alguns projetos de lei que vem defendendo na Câmara Municipal.
“Estamos discutindo muito a questão da invisibilidade do povo preto na cidade de Curitiba. Por isso, lutamos para que a população preta esteja, também, na rota turística da cidade. Estamos criando um Parque da África, que vai ficar atrás da Praça Zumbi dos Palmares, em terreno já adquirido pela Prefeitura”.
Além do Parque da África, Giorgia vem discutindo na Câmara sobre a criação de um Centro de Referência de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa, para que a população negra possa ter acolhimento, encaminhamento e acompanhamento, com assistência à saúde, jurídica e pedagógica, além de atividades culturais, esportivas, educacionais e de geração de renda. “A votação desse projeto vai ser no início de agosto e precisamos pressionar os vereadores para que seja aprovado”.
Confira as fotos do evento, registradas pelo fotógrafo Joka Madruga, no Facebook do Sindicato.
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Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região
